terça-feira, 16 de março de 2010

As frases já resumem

“Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar”.

Parece que eu não só li seus livros, como já conheci Clarice Lispector. Sempre que quero desabafar alguma coisa, leio algumas frases de sua autoria e nem preciso escrever. Elas já dizem por mim. Porque ela mesma já escreveu que "enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...continuarei escrever".

E eu escrevo, gosto de escrever, porque é uma forma que encontro de poder até tentar entender o que está passando, o que eu quero ou não quero. E, às vezes, me vem uma vontade de "não querer ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada".

Por que daí eu percebo que “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome”. E não tem nome mesmo, porque ainda não me descobri ou já descobri e não quero revelar pelo simples medo de entrar no comodismo. Sim, comodismo de parar no tempo e ficar só naquilo, sem mudanças, sem vontades. E quanto mais eu quero mudar, mais descubro que é o melhor, que é o necessário para crescer, para realmente me descobrir de verdade. E tudo se torna um ciclo, pois “eu não quero uma realidade inventada”. Quero uma realidade boa, que me motive que me dê aquela vontade de lutar, de viver.

E isso acontece porque “o que verdadeiramente somos é aquilo que impossível cria em nós”. Estranho? Não, é real. É real porque o impossível pode se tornar possível, basta o querer chegar e fazer com que aconteça.

Pareço perdida? Mas “é difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo”. Isso volta no descobrir, no querer saber, desejar o que não existe. E então surge a pergunta “O que importa afinal, viver ou saber que está vivendo?”

Achou esquisito? Pois, “E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar”. Mas eu não vou contar tudo. Porque “não se conta tudo, porque o tudo é um oco do nada”. Não entendeu? Não precisa...não é para entender mesmo.

“É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade”.

3 comentários:

  1. "Amanheci em cólera.Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece..." Sempre Clarice, sempre!
    Agora sim! Afff....

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  2. Eu só li "A Hora da Estrela" e algumas frases soltas da Clarice. Mas sei bem como é quando parece que alguém conhece seus medos e verdades melhor do que você mesmo. E traduz isso em palavras melhor do que você poderia fazer... é muito bom, não é?

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  3. É algo muito bom, poder escrever o que sente e conseguir entender algo depois que relê tudo que está no papel. Sempre fiz isso, desde sempre. E gosto muito! Fora que ler frases de autores que conseguem "ler" sua alma, é fantástico!

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